Este texto foi construído a partir da colaboração de dois educadores do Colégio Oswald de Andrade: Lilian Leme, Assistente de Coordenação Pedagógica da Educação Infantil, e Eric Krotosznski, professor de Teatro do Ensino Fundamental II e Médio, em uma conversa sobre a importância das artes na vida da escola.
Formada em Artes Plásticas, Lilian Leme, trabalha na escola desde 2001. Eric Krotosznski é, ao mesmo tempo, arte-educador e um homem do teatro, como se refere a si mesmo. É professor da escola desde 1991, quando iniciou o trabalho no antigo Caravelas. Para eles, o espaço das artes é onde tudo é possível.
Como vocês pensam a arte para as crianças menores?
Lilian: O fato é que o envolvimento com as artes ajuda muito no desenvolvimento de outras áreas e, com as crianças, as iniciativas artísticas são parte de um todo. Por exemplo, durante o “Brincar Heurístico”, que traz a oportunidade de as crianças brincarem com materiais não estruturados, apesar de muitas vezes existir uma investigação lógica e de pesquisa quase científica em curso, não podemos dissociar o olhar artístico ao tratar da composição que as crianças realizam.
Eric: A escola é o lugar da linguagem e o objetivo é conseguir transpor a linguagem de uma área para a outra. O teatro faz muito isso, traz diversas áreas diferentes para uma linguagem única. Com as crianças menores isso é natural. Quando apresentamos uma atividade desde cedo, ela tem uma função pedagógica, claro, mas tem também um lado criativo e divertido. No teatro, isso é chamado de “Estado de Jogo”, e isso que é frutífero. Há algum tempo fui consultado sobre a possibilidade de implantar um programa de teatro para os menores. Acho complicado tratar a linguagem teatral com eles. Eles sabem atuar, mas entram nesse estado de representação, neste estado de jogo?
Lilian: As crianças brincam de representar o tempo todo, vivem as encenações.
Eric: É justamente isso. A linguagem teatral pode entrar na vida da criança quando ela é capaz de reconhecer a diferença entre os momentos em que estão representando ou não.
Lilian: Sim, mesmo com os maiores, o que para mim é o G4, não é exatamente claro para eles quando começa e quando termina a representação. Na Unidade Tipuana, as crianças têm a professora Janaína Peresan, de Expressão Corporal, que é a disciplina que mais se aproxima do teatro estruturado. Ela nunca propõe uma atividade de teatrinho, mas, sim, uma brincadeira em que ela mistura música, usa o corpo, cria uma história. E as crianças se sentem parte disso.
Eric: Esse é justamente o começo do jogo dramático. Não existe organização prévia. É exatamente essa instrumentalização que vem para os mais velhos depois. Para as crianças não dá para chamar de teatro. Existe a brincadeira que pode resultar – ou não – em jogo cênico.
Como é para os alunos que não tiveram essa formação de incorporar as artes no dia a dia da escola quando chegam para as aulas?
Eric: Os alunos que chegam mais tarde à escola estranham muito esse “lugar para as artes” que o Oswald tem. A seriedade desse “lugar” é natural para os que estão aqui há mais tempo. Aqui, as artes são levadas a sério, alunos se empenham, se dedicam. Não é o momento do descanso. No 6º, 7º e 8º ano do Ensino Fundamental II, os alunos passam por uma espécie de rodízio de linguagens. Ao longo dos anos, são dois módulos de cada linguagem – música, teatro e artes visuais. A partir do 9º ano, os cursos são por opção e os alunos escolhem qual linguagem querem aprofundar. A partir daí, os professores vão trabalhando também com intervenções interdisciplinares. Quando chegam no 3º ano do Ensino Médio, a abordagem da disciplina é toda dedicada à interdisciplinaridade, inclusive entre Artes e Educação Física. No final do ano, os formandos fazem uma grande apresentação, quando reúnem tudo isso. O exercício é o de integração das áreas e o objetivo é que os alunos saiam com ferramentas básicas que os capacitem para novas proposições, junções e conversas.
Lilian: De fato, é muito interessante ver como a exploração de diferentes linguagens, materiais e ferramentas vem mesmo desde o trabalho com as crianças mais novas. As possibilidades são trabalhadas desde o começo para que cheguem ao final da escolaridade conseguindo escolher sozinhos o que e como fazer.
Eric: A escolha, o ato de escolher, tem um “quê” de libertário, mas é também complicada e desafiadora. É muito mais fácil e prático simplesmente seguir uma orientação. Por isso mesmo é tão importante ser trabalhada desde o começo do processo de escolaridade.
Como você enxerga a entrada de novas tecnologias nas linguagens artísticas?
Eric: O vídeo já está presente no teatro há muito tempo. O teatro é o campo das intersecções de linguagens. A tecnologia é, hoje, uma linguagem muito presente. Então, o teatro está muito aberto para isso. Minha experiência fora da escola me permite trazer todo esse novo repertório e novos elementos para os alunos, e a escola está aberta para toda essa experimentação. Artes é o campo onde tudo é possível. Outros professores, e até mesmo os próprios alunos, trazem soluções tecnológicas para algumas demandas e necessidades. Contudo, é importante não cair no fetiche da tecnologia e não se deixar dominar por ela, não cair no uso sem critério. Ela pode e deve ser uma linguagem, mas não pode ser a única.
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